quarta-feira, 23 de setembro de 2020

A curiosa mensagem do meu banco

 

Ontem, dia 23 de setembro de 2020, recebi uma curiosa mensagem do banco que preciso manter conta corrente para que possa receber o soldo do meu esforço diário. 

Ela apelava estranhamente a minha empatia pedindo para que eu doasse dinheiro para uma Organização Não-Governamental de auxílio a mulheres que moram em favelas (lembrando que o termo é usado pela ONG, conforme pode ser visto facilmente). 

A campanha é esperta, pois o celular registra seus hábitos para que possa te influenciar da melhor maneira possível. Duvida? Bem, você pode duvidar, mas os anúncios que você observa nas mídias sociais e os "ignora" estão lá pra te provar o contrário, amiguinho... Desde o início da pandemia, mudei alguns hábitos diários e isso teve impacto em todas as mídias sociais do meu smartfone. 

Antes da COVID, acordava antes das 5h para iniciar a jornada de trabalho. Com isso, as primeiras notificações oriundas das mídias sociais apareciam cerca de 1h/1h15 após a primeira olhadinha no aparelho (mesmo que fosse aquele desbloqueio para ver as horas e ter certeza de que não estaria atraso). Com os decretos de quarentena e o início do trabalho em casa, mudei o horário de abrir os olhos para a vida, agora às 9h. Depois de um mês, o avançado aparelho iniciou a mudança e passou a vibrar próximo de 10h30 com notificações de aniversário, propagandas, etc, etc. 

Havia um outro hábito que também incorporei que é a sesta após o almoço. Nesse, o smart tentou ser mais smart do que eu. Após uma semana da minha resolução de tirar um cochilo esperto, o aparelho começou a me mostrar notificações após 2h do início da minha segunda jornada de sono. Nesse caso, não eram as mesmas notificações, mas eram todas relacionadas (direta ou indiretamente com dinheiro). 

Eu creio que todos somos usuários de tecnologia porque temos uma relação parasitária com esses aparelhos, mas isso é uma outra história que, talvez, um dia possa explicar. No momento, é importante saber que, ao ver a mensagem, o sorriso irônico me veio - "como é que um banco pode ter essa cara de pau?", pensei.


Nesse momento, um leitor novato de meus textos deve ter pensado: "o que tem demais? O banco está servindo de palanque para um projeto bonito e legal..." Caro leitor, não seja idiota! Se esse fosse o caso, por que eu escreveria um texto? O motivo sempre está nas entrelinhas. Os bancos, até o ano de 2019, bateram todos os recordes de criação de dinheiro via juros. É claro que a mídia prefere um termo mais simpático como "lucro"...

Agora você me questiona - "mas 2020 é diferente, com a COVID, os bancos não lucraram, então, como é que eles iriam ajudar as pessoas?" Entenda de uma vez, leitor ingrato, os bancos sempre lucram, a questão é o quanto eles lucram. Ou seja, seria como se o Luciano Huck (que é rico como o Tio Patinhas, só que mais novo) pedisse pra você, trabalhador, doasse dinheiro para uma causa qualquer sem que ele tenha de doar um centavo porque ele está dando palanque para essa causa. 

Entende a maldade? O lucro dos bancos em 2019 foi de R$ 1 trilhão, os lucros do primeiro trimestre de 2020 foi de R$ 12,1 bilhões, mas é você quem deve doar uma grana para que as pessoas possam ter o que comer. É você que tem de doar dinheiro para uma justa causa (esse não é o ponto) para que o banco não perca um centavo de sua lucratividade. 

Obviamente, eu não doei um centavo. Você, nesse caso, doaria?

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