sábado, 2 de outubro de 2021

Escritos sobre a conversação

 Escrito originalmente em 08/08/2006.

Alguns versos de Manfredini não têm saído da minha cabeça nessa última semana: Estou cansado de ser / vilipendiado, incompreendido e descartado. / Quem diz que me entende, / nunca quis saber... Hoje, pergunto-me até quando os erros que cometi há quase um ano atrás voltaram escancarados em texto, fofocas e intrigas.

A minha crença de que os seres humanos são fundamentalmente bons naufraga com uma força horrenda, trazendo uma vez mais o meu ceticismo e a conclusão de que a conveniência - fundamento máximo da vida ordinária - é a marca histórica indelével dos homens. não nego que todos, sem exceção agimos sob esta marca puramente amoral (sem moral mesmo), porém, aqueles que são considerados "bons" negam essa força-motriz para colocarem-se em prol de um status de conveniência mais abrangente, trabalhando pelo bem do próximo. São tão poucos os homens e mulheres que atingem esse grau de estruturação humana que fico tentado a chamá-lo de improvável.

Sendo assim, acredito que o trabalho de anos de pesquisa em torno do tema demonstram alguns achados preciosos - como a quase não-existência de uma inconveniência -, mas, como se trata de um teorema que permite revermos nossa história, acho que ela mesma cairia por terra, dobraria os joelhos e necessitaria de uma moeda para o barqueiro. 

O motivo é simples - quanto mais individualizamos o problema, mais vemos como a conveniência é trabalhada de maneira a colocar os homens em situação de não-diálogo, mas de intrigas, mesquinharias e cordialidades. Não se pode hoje estudar a conveniência sem que esbarremos em muitos problemas ordinários. Na maioria das vezes, vemos que a conveniência pode ser a razão (não a justificativa) para os vilipêndios mais hediondos do mundo. Não estou falando de crimes no sentido próprio do termo, mas de agressões morais que nos levam a chamar essas pessoas de Sofistas austríacos!

[Atualizado em 22/06/2021]

Percebo que provoquei essa situação. Quando saí do caminho e me juntei ao mundo palaciano da Universidade, sabia que todo o fenômeno da vaidade viria no pacote. Sabia e joguei com isso em meu favor. Afinal de contas, meu intuito era me divertir às custas de uma dinâmica que há muito conheço. Não tenho a menor vergonha em admitir isso, nunca tive aliás, pois meu desejo naquele momento era me entreter com pessoas que ficaram paradas no tempo, no ir e vir dos corredores cinzas que amo tanto.

Ao mesmo tempo, sabia que as pessoas não poderiam me atingir de fato, mas conseguiram me atingir de maneira indireta, pois alguém que nada tinha de relacionado a isso sofria e sofria muito. O esquema palaciano sentia a minha falta? Não posso dizer isso, pois não me considero nada mais nada menos do que um ser humano qualquer. Entretanto, a pessoa que resolveram atingir não estava nesse esquema e isso me dói, pois tudo o que desejo é proteger e cuidar dessa pessoa.

O problema é que o comportamento palaciano pode se tornar um hábito e como qualquer hábito pode ser reproduzido em vários locais, basta que a pessoa encontre condições em que isso possa ser explorado. Dessa forma, essas pessoas são um enorme perigo em larga escala. 

Os ataques foram em vão no final das contas. E eu já dizia isso em 2006. Todas essas pessoas se separaram. Demorou, mas a própria vida dos corredores palacianos da contemporaneidade não nasceram para segurar essas pessoas nesse mesmo lugar. Aparentemente, o cotidiano universitário tem suas próprias conveniências e precisa formar novas cortes e novos cleros (sim, em grande parte, a Universidade é fomentada por atestados de fé). Todos afastados e eu ainda aqui, cuidando da pessoa que fora agredida. 

Não há mais aquela corte e não há mais motivo para raiva ou ódio, mas como diria Manfredini, essas coisas cansam.



Nenhum comentário:

Postar um comentário