sábado, 11 de setembro de 2021

Cosmogonia

Escrito originalmente em 12/07/2006.

 

Faz tempo que a humanidade, em sua absoluta arrogância, tem tentado encontrar todos os motivos para as questões que permeiam o pensamento. Saber, assim, relaciona-se intimamente à falta de comprometimento com a qual a humanidade pode ser caracterizada atualmente. A falta de comprometimento caracteriza-se pela pergunta: Para quê?

Saber o porquê dos fenômenos que nos cercam só se torna importante quando há um propósito nisso. A ausência de propósito que é facilmente percebida nos dias de hoje pode ser exemplificada em trabalhos acadêmicos, livros, programas televisivos e mesmo nas relações mais banais em nosso cotidiano. Uma sutil mudança, porém, é vista atualmente - com a falta de propósito não há preocupação por um verdadeiro (no sentido filosófico) motivo. Assim, as motivações são inventadas, sem o menor propósito além do próprio acalento do ego.

Colocando-se na alcunha de "amigo de todos", as pessoas inventam motivos para que não se apresente o propósito - aliás, frouxo - de suas intenções. Com o tempo, o propósito inicial perde-se, tornando-se o que conhecemos como {}. O que é estranho, e merece um estudo aprofundado em ciências como psicologia e antropologia, é a deturpação do conjunto vazio. A motivação para o fenômeno é o estabelecimento de uma relação especular ou o registro do verbo amar sem meios de comparação.

Assim, os deuses Futilidade e Espelho são os formadores do universo do século XXI. Isso, como é próprio do Humano, acarreta questionamentos para os próprios deuses formadores:

Para que amar as pessoas de maneira a realmente não vê-las?

Para que manter um espelho se não há uma imagem para mostrar?

Não se esqueçam que o pensamento é o motor vivo da memória, da dúvida e da própria confecção de textos. 


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